Bem feito! Jorge era um pequeno mau
Desde manhã a esse menino andava
Pelo o pomar atrás de um pica-pau
Ou de uma rola que ao azul do céu passava
A mãe ralhava-o com ternura e amor:
“ Deixa meu filho em Paz os passarinhos”
“ Por que mataste esta inocente flor”
“ E esses emplumes no ninho”!
Mas não tomava tento esse pequeno
De faces rechonchudas e vermelhas
Disse-lhe um dia um lírio alvo e sereno:
“Bem merecias um puxão de orelhas de
orelhas”.
Um dia ele com outros companheiros
Partiram para a pesca; o sol nascia
E relutava pelas Castanheiras
Que uma neblina escassa ainda cobria
Jorge era de todos o mais forte
E o mais audaz, lança-se ao rio e nada...
Como um guerreiro não temia a morte
E depois que sua alma arrebatada
Fosse por essa indômita corrente
Que mal havia, ora, morrer que importa!
Quem morre fecha misteriosamente
A porta desse mundo e abre outra porta
que ao céu vai ter...
Enquanto isto dizia, os outros com os
olhos o acompanhavam
Ora chegava ‘a praia. Ora fugia.
Sobre as vagas do rio que o levavam
Um sabia cantava ao longe...Enquanto
Um grito se ouve ao longe e ela – que não
tinha medo
A praia volta, pálido de espanto
Com um caranguejo pendurado no dedo.
( Artur Azevedo) por Dora Duarte