Os Palitos
Soldadinhos
Por esta a monitora de adolescentes de um acampamento não esperava. Naquele final
de tarde fatídica, onde quase todos já se arranjavam para recolher, ela deu
falta de um deles. Com seu longo apito juntou todos, contou, recontou e
realmente faltava o mais desobediente. Pediu que todos fossem para a barraca, ela teria que ir procura-lo
pelas redondezas, chamando-o com as mãos em formas de conchas e nada...
Quando se deu conta, já havia avançado boa parte da
mata fechada. Escureceu rapidamente, o
silencio se fez presente, apenas o piar da
coruja. O que fazer? Nem achou o
“desobediente” e acabou ela mesma se perdendo, justo ela que tinha feito curso
de salvamento e sobrevivência na floresta, saiu desprevenida sem a bússola ,
achava que o menino poderia estar pelos
arredores. Que nada! Assim naquela escuridão, nem lua, nem estrela para
iluminar havia.
Caminhando sem saber do seu paradeiro, ouvindo seus passos firmes nas
folhas, sentiu e ouviu algo fazendo um barulhinho nela: “fo,fo,ro,fo,fo ro”,
lembrou-se do que era e seria a sua tábua de salvação . Esfriava, perdera a
noção de quantas horas tinha caminhado. Muita sorte estar com duas
coisas importantes naquele momento, o seu lenço inseparável , embrulhou-se nele
e ela , a ilustre caixa de fósforo. Segurou firme nela, pensou naqueles
“palitos soldadinhos”, tanto matavam como salvavam e assim que os
imaginavam dentro daquela caixa – se faço
uma fogueira e causo um incêndio?! Mataria todos os animais, inclusive ela -.
Pensou, pensou, mata fechada... o que fazer? Eureca!
Juntou folhas secas e verdes para fazer muita fumaça, riscou quantos fósforos foram
necessários e assim formou-se uma
fumaceira. Não tinha duvida
nenhuma que um dos responsáveis , ou mesmo os jovens já teriam chamado o
socorro, quem sabe o fujão já teria ate aparecido. De repente um barulho ensurdecedor de hélice
aproximou , uma luz naquela escuridão , acenou o seu lenço no alto,que quase foi engolido pelo vento artificial ,
ouviu uma voz muito forte e uma corda ao seu alcance. Final da história o fujão já tinha voltado, levou uma bronca dela, enfim tudo se resolveu. Ufa, bendita caixa de fósforo e seus soldadinhos!
( Dora
Duarte)
Um comentário:
Que aventura linda e emocionante! Bjs
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