Coisas de Criança

Coisas de Criança é...Brincar

Coisas de Criança é...Brincar
Contos, poesias,brincadeiras tradicionais, cantos e cantigas de roda, para gente miúda e graúda, desde que deixe a criança que existe em você se soltar.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

A Baratinhosa


 

               Era uma vez uma barata cascuda, que não queria se casar, queria mais era atentar a dona de casa, sabe-se lá do que ela estava sobrevivendo dentro do guarda-roupa, pois não aparecia nada, ruído nenhum, só cocozinho preto. Vez em quando, depois de uma limpeza, de uma tempestade de spray, numa batalha de sobrevivência, ela quase asfixiada pensava:

      he he he, ufa, foi  por pouco essa, to zonzinha, mas to aqui leve livre e solta! Ai ai, nem me pega, nem me mata!

 Fazia pouco caso da dona da casa...

Certo dia, a dona da casa, e do guarda-roupa, resolveu pegar uma caixa baú para rever umas fotos antigas. Quando abriu... Surpresa! Cheio de bostinha, e um friviado (barulhinho) danado, ela tentando se esconder.. .Como? Quase não havia brecha!

A senhora tinha  nojo sim, medo não, foi mexendo devagar para ver se avistava a dita cuja  Mexeu, mexeu e nada!

Pegou o spray à base de citronela, próprio também para barata (assim constava no rótulo), sem dó nem piedade espirrou... Colocou a caixa no chão, mexeu nas fotos e nada de barata, virou  de cabeça pra baixo, nada...

 

 Procurou-a no chão, nada quando olhou...Surpresa! A barata, nas suas pernas batendo as asinhas, parecia que estava morrendo de rir da senhora.

A dona da casa , do guarda-roupa e da caixa baú de fotos, perdeu a paciência, deu uma sacudida na perna, ela caiu  ciscando de costa no chão , com as mãozinhas postas, parecia que estava rezando e...

Plaft, chinela nela, foi o único jeito de vê-la dar um último suspiro, com as patinhas postas como se estivesse rezando, com cara cínica de riso.

 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Minha primeira boneca


                                                               Monólogo editado
                          
 Ah como era feia a minha boneca! Feia, muito feia!

Não era uma boneca qualquer, como as bonecas de lojas: bonecas de porcelana rosada, com vestidos de cetim. Ou aquelas de marcas famosas, feitas de um material róseo cheirando a coisa nova.

Já a minha, foi comprada na feira. Uma boneca de pano grosseiro, de algodão cru, vestido de chita. Mas era a minha boneca Hosana querida. Minha amiguinha inseparável.

Ela não tinha os olhos azuis brilhantes, nem cílios longos. Tinha olhos pretos, boca vermelha, feitos de linha de bordado. Eram olhos e boca, já tão desbotados!

A boca, então, não tinha traços delicados. As pernas eram compridas sem curvas, sem joelhos, sem pé e sem dedos. Mas era a minha boneca.

Seu corpo desengonçado sem formas perfeitas...! Seus braços então, tais quais as pernas.  Mas era a minha boneca que eu gostava. Ah, e como dela eu me orgulhava!

Eu sempre pensava: “Já que ela não tem beleza, vou fazer mais e mais vestidos de retalhos de tecidos finos, para, de vez em quando, transformá-la”.

Ganhei uma caixa usada, de charutos, e usei como baú para guardar suas roupinhas. Em pouco tempo já era uma coleção.

Troca daqui, troca dali, enfeitava Hosana. Mas era só isso que eu conseguia: Enfeitá-la!

O tempo passou! Outras bonecas mais vistosas eu ganhei. Mas nunca abandonei a minha boneca feiosa.

Um fatídico dia, vendo bonecas que dormiam e choravam nos braços de ricaças meninas, pensei numa ideia, tampouco brilhante: “Se minha Hosana não chora e nem dorme, posso fazê-la beber”.

E foi com esse pensamento inocente, que eu vi mais que de repente, minha boneca Hosana “morrer”. Com sua carinha de mofo pintada, mais feia estava. Mas era a minha boneca!

Perdi... A enterrei numa cova, lá no fundo do meu quintal, com todas as honra e choros, e um adeus a minha primeira boneca.


                                                  Dora Duarte
Copyright © 2011 COISAS DE CRIANÇA.
Template customizado por Meri Pellens. Tecnologia do Blogger