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Contos, poesias,brincadeiras tradicionais, cantos e cantigas de roda, para gente miúda e graúda, desde que deixe a criança que existe em você se soltar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Minha primeira boneca


                                                               Monólogo editado
                          
 Ah como era feia a minha boneca! Feia, muito feia!

Não era uma boneca qualquer, como as bonecas de lojas: bonecas de porcelana rosada, com vestidos de cetim. Ou aquelas de marcas famosas, feitas de um material róseo cheirando a coisa nova.

Já a minha, foi comprada na feira. Uma boneca de pano grosseiro, de algodão cru, vestido de chita. Mas era a minha boneca Hosana querida. Minha amiguinha inseparável.

Ela não tinha os olhos azuis brilhantes, nem cílios longos. Tinha olhos pretos, boca vermelha, feitos de linha de bordado. Eram olhos e boca, já tão desbotados!

A boca, então, não tinha traços delicados. As pernas eram compridas sem curvas, sem joelhos, sem pé e sem dedos. Mas era a minha boneca.

Seu corpo desengonçado sem formas perfeitas...! Seus braços então, tais quais as pernas.  Mas era a minha boneca que eu gostava. Ah, e como dela eu me orgulhava!

Eu sempre pensava: “Já que ela não tem beleza, vou fazer mais e mais vestidos de retalhos de tecidos finos, para, de vez em quando, transformá-la”.

Ganhei uma caixa usada, de charutos, e usei como baú para guardar suas roupinhas. Em pouco tempo já era uma coleção.

Troca daqui, troca dali, enfeitava Hosana. Mas era só isso que eu conseguia: Enfeitá-la!

O tempo passou! Outras bonecas mais vistosas eu ganhei. Mas nunca abandonei a minha boneca feiosa.

Um fatídico dia, vendo bonecas que dormiam e choravam nos braços de ricaças meninas, pensei numa ideia, tampouco brilhante: “Se minha Hosana não chora e nem dorme, posso fazê-la beber”.

E foi com esse pensamento inocente, que eu vi mais que de repente, minha boneca Hosana “morrer”. Com sua carinha de mofo pintada, mais feia estava. Mas era a minha boneca!

Perdi... A enterrei numa cova, lá no fundo do meu quintal, com todas as honra e choros, e um adeus a minha primeira boneca.


                                                  Dora Duarte

5 comentários:

Pedro disse...

Olá Dora, lindo texto!
Também tive uma boneca de pano eu adova a boneca!
Carinhosamente
Beijos
Amara

Isabelle Câmara disse...

oi, Dora... sempre vejo vc no Recanto dos Autores. lindo o seu blog! Da sua mais nova seguidora, Isabelle, a borboleta que cospe sapos. Bjins,

Maria Auxiliadora de Oliveira Amapola disse...

Boa noite, querida amiga Dora.

Adorei!!
Que história bonita, menina!! As coisas lindas e marcantes de nossa vida não precisam ser caras.
Basta que tenham feito parte de nós, que nos tenham conquistado...
Hoje essas bonecas de pano são um mimo.

Um grande abraço.
Tenha uma linda semana de paz.

Dora Duarte disse...

TGestando comentário. Dora Duarte

margarida disse...

Dora, só hoje vi seu comentário no meu texto e vim visitar seu Blogger. Parabéns, está muito bonito! Por coincidência escrevemos sobre o mesmo tema e a nossa boneca de pano, mas em datas diferentes.Sua historia é linda e o texto muito bem elaborado, mais uma vez parabéns! Um abraço.

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